18 de novembro de 2013

Não precisamos de um dia da consciência negra... mas de uma consciência humana – a face controversa desta "vã" filosofia.


É fato que a internet nos possibilita uma gama muito maior de informações com uma rapidez nunca antes imaginada. É fato, também, que esse espaço virtual é o espaço mais democrático que existe até agora, onde postamos o que é de nosso interesse, acessamos o que quisermos. E uma destas postagens me chamou a atenção esta semana pelo teor de crítica em relação ao dia da Consciência Negra, a qual classifico agora de filosofia “rasa”, sem fundamentação teórica, sem base histórica, de um pensamento que exprime a invisibilidade de questões não só raciais, como sociais, que o Brasil tentou esconder em todo o processo histórico.

O problema que permanece aqui é a ignorância (no restrito sentido da falta de conhecimento). O que conhecemos de realidades sociais e econômicas acerca da população negra? Conhecemos os dados de mortalidade infantil e materna juntamente com seus atenuantes na população negra? Sabemos dos dados da violência no Brasil onde a população negra é a mais atingida? Conhecemos o afunilamento do acesso ao ensino superior na população negra? A desproporção em relação à formação educacional? Nos informamos dos últimos dados em relação ao percentual de defasagem salarial entre negros e brancos no Brasil?

Podemos ajudar nesse sentido, já que a questão aqui é a formação de uma consciência humana: no último dia 13 foi divulgado o resultado de pesquisa feita pelo Dieese com dados levantados entre os anos de 2011 e 2012 e mostra um Brasil desigual e discriminador. A pesquisa denominada “Os negros no mercado de trabalho” mostra as disparidades de oportunidades e uma defasagem salarial grande. Dos negros trabalhadores, aproximadamente 27% não concluíram o Ensino Fundamental, onde o percentual é de 17,8% dos não negros; a mesma pesquisa mostra que os negros saem perdendo na batalha por melhores salários, e de acordo com o Dieese um trabalhador negro com nível superior é, em média R$ 17,39, por hora, enquanto um não negro chega a receber R$29,03, por hora.

Se elencarmos as situações que incidem historicamente sobre a população negra num país que concebeu como mão-de-obra barata, justificada pela condição de inferioridade racial e intelectual, uma população que só servia para o trabalho compulsório, esta postagem não teria fim.  Um grupo social relegado à exclusão e invisibilidade pelo Estado Brasileiro, por uma sociedade hipócrita e dissimulada que sempre negou a negritude. A tão sonhada liberdade que nunca aconteceu de fato e de direito, a busca pela equidade em todas as circunstâncias, vem levantando bandeiras de luta por todo o país.


O dia 20 de novembro é dia de luta contra atitudes, práticas preconceituosas e discriminatórias. É dia da Consciência Negra sim, porque somos um país de pretos e a maior parte desses pretos está fora das universidades, do mercado de trabalho, da assistência do Estado.

Não nada adianta filosofar sobre uma consciência humana, sentar à frente de uma televisão, assistir os noticiários que expõe essas desigualdades, e esperar que o Estado ou os outros resolvam essa questão. É hora de parar com a hipocrisia de uma democracia racial que não existe na prática, e fica só no discurso demagógico. É hora de conhecer a trajetória de uma população vítima de uma  falsa abolição com todas as suas lutas até a conquista de direitos.

O dia 20 de novembro é a data que marca na sua agenda a lembrança destas lutas! 






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