16 de setembro de 2012

Os crimes da Ditadura Militar - Comissão da Verdade, que verdade?


Durante os anos de 1964 a 1988 prevaleceu no país um regime militar responsável por mortes, tortura e desaparecimento de ativistas políticos, sindicalistas, estudantes e intelectuais. Após o golpe de 1964, que destituiu o então presidente João Goulart, os militares alternaram o governo brasileiro fundamentado na ideologia de defesa da ordem, disseminada por uma invasão de "comunistas". Esta ideia foi apoiada por uma parte da sociedade civil que não só se mobilizou para o golpe, como também estabeleceu relações políticas com o governo militar. Segundo artigo publicado na Revista de História da Biblioteca Nacional no mês de agosto de 2012, "é inútil esconder a participação de amplos segmentos da população no movimento que levou à instauração da ditadura em 1964. É como tapar o sol com a peneira".
Em 1979, o governo  brasileiro promulga a Lei da Anistia, concedendo perdão aos exilados políticos e aos militares envolvidos em violações dos direitos humanos. Com esta lei, nenhum militar ou agente do estado forma julgados e condenados por seus crimes. Todas as atrocidades, violências, torturas e mortes ocorridas no Brasil da Ditadura foram escondidas, a sujeira foi varrida para debaixo do tapete.
No ano de 1986, a Arquidiocese de São Paulo, com o arcebispo Paulo Evaristo Arns, publicou o livro "Brasil: Nunca Mais", denunciando o uso da tortura durante o regime militar. A partir daí, inicia um processo investigativo de documentos, testemunhos de vítimas, registros de julgamentos. O relatório final concluiu o que todos já sabiam, mas não tinha provas: os militares usaram de tortura no seu sistema judiciário. Devido ao processo de eleição direta, para reafirmar a democracia no Brasil depois de longos anos de ditadura, o processo foi adiado.
O povo não tem memória! Não é verdade! A história atual está saturada de memória. Uma memória que seleciona o que deve ser lembrado, e o que deve ser esquecido. A sociedade hoje, clama por justiça e quer ver nos anais da história a verdade sobre o Estado Militar. Cobra desse Estado onde estão os mortos, desaparecidos e torturados durante o regime militar. Que o Brasil mostre a verdade.
A Comissão Nacional da Verdade é uma comissão brasileira que visa investigar violações dos direitos humanos ocorridas entre 1964 a 1988 no Brasil. A comissão terá o direito de convocar vítimas ou acusados das violações para  depoimento, mas não terá o direito de punir ou recomendar que os acusados de violar os direitos humanos sejam punidos.
No Brasil, lugares públicos foram usados para o crime em cidades como São Paulo, Rio de janeiro e Recife, durante a Ditadura Militar. A Comissão da Verdade deverá investigar, reunir informações, assegurando às famílias o direito à memória.
Ainda é difícil afirmar quais serão as consequências da Comissão da Verdade. Adentrar nos porões da Ditadura trará verdades que envergonhará o Estado Brasileiro. O que fazer com as verdades reveladas?
http://agenciabrasil.ebc.com.br/noticia/2012-09-08/comissao-da-verdade-faz-audiencia-em-pernambuco-para-colher-testemunhos-sobre-perseguicoes-na-ditadur

12 de setembro de 2012

ENEM - ansiedade, medo. O que fazer?



Um pouco mais de um mês para o Enem, o quadro que se revela diante dos nossos olhos, meros professore das turmas de Terceiro ano é assustador: ansiedade, tensão, insegurança. Praticamente todas as fobias se manifestam no universo da cada sala de aula.  Poderíamos passar horas discutindo as causas e os efeitos provenientes deste fenômeno chamado ENEM, mas vamos abordá-lo a partir das perspectivas destes estudantes, as dúvidas, as incertezas e a plena convicção de que a aprovação e a nota deste exame determinará o rumo da vida de milhares de estudantes em todo o Brasil.
Determinar os rumos de sua vida profissional nesta idade – 17, 18 anos – é de uma crueldade imensa. Ser cobrado pela decisão tomada, pelo objetivo a ser alcançado, por não conseguir alcançar, pelos rumos que dará à sua vida, exige maturidade para responder a todos os desafios aos quais este estudante está sujeito.
A escola exige e cobra resultados. A família exige e cobra resultados. A sociedade exige e cobra resultados. E o nosso estudante? Como fica sua cabeça, seu coração diante de tanta exigência? 
A possibilidade de fracasso deixa de ser remota no pensamento de nossos jovens quando se aproxima a data de realização do exame e têm a nítida impressão de que ainda não estão preparados. É muito curioso observá-los a partir desta perspectiva. Se apresentam frágeis, inseguros, ansiosos, com medo. Medo de não corresponderem aos anseios da família, às exigências da escola, ao que a sociedade espera de cada um. A fragilidade e o nervosismo os deixam mais suscetíveis a momentos melancólicos, choro, sono. 
Para nós, educadores, que lidamos todos os anos com estas cenas, mudando apenas os personagens, percebemos que este momento específico é de acolhida, afeto e segurança. Mostrar o quanto são capazes, lidar com este turbilhão de emoções e prepará-los para uma resposta positiva, uma resposta negativa, lidar com os desafios e as superações. Neste contexto, a escola e a família devem assumir o seu papel, evitando concentrar as responsabilidades do fracasso ou do sucesso nos ombros tão frágeis desses jovens. 
Para nós, professores, pais ou responsáveis dos estudantes do Terceiro ano, essa é a hora de fazer do bicho papão do ENEM mais um degrau galgado pelos nossos estudantes, e se por ventura tropeçarem, sejamos o apoio que eles precisam para não caírem. 

5 de setembro de 2012

Mulheres indígenas, negras... mulheres.




Na década de 1930, mais precisamente na Constituição Federal de 1934, o Brasil avança na conquista dos direitos civis quando delega às mulheres o direito do voto. Para entendermos este avanço, nos remeteremos ao  início da República no Brasil, onde Código Civil de 1916 sustentou o princípio de que o homem era chefe da sociedade conjugal de confirmou em seus artigos a inferioridade hierárquica da mulher em relação ao homem. Mais tarde, a legislação tem um retrocesso quando a CF de 1937 suprime a igualdade jurídica dos sexos, que só voltaria aos textos constitucionais em 1967. A CF de 1988 teve a preocupação de igualar definitivamente homens e mulheres na forma da lei.
Porém, diante de todos os avanços, percebemos que essa igualdade civil e constitucional não se apresenta de forma efetiva na sociedade. Inferioridade, resignação, obediência e exclusão ainda fazem parte do processo histórico e social das mulheres brasileiras. E quando nos referimos às mulheres negras e indígenas, estas situações têm uma maior dimensão nas formas em que se apresentam.
Com o fim do colonialismo, as concepções enraizadas na sociedade brasileira permaneceram e se tornaram obstáculos para as conquistas das mulheres indígenas e negras. Essas mulheres sofreram brutalmente com a marginalização, a escravidão e a violência em sua dignidade por parte de uma sociedade construída sobre o símbolo social de poder (homem, cristão e branco).  Essas mulheres que tiveram como paradigma a mulher branca ocidental.
Racismo e sexismo são os principais fatores de desigualdades que afetam mulheres negras e indígenas no Brasil em toda a América Latina. A naturalização dessa desigualdade ocupa espaço em vários seguimentos da sociedade, como afirma o documento publicado na Federação Nacional dos Jornalistas:

As estatísticas demonstram que mulheres negras e indígenas são maioria nas áreas de extrema pobreza no país e apresentam as piores condições de vida. Sob o impacto da negação cultural, enfrentam os danos emocionais gerados pela violenta discriminação cotidiana de gênero, raça e etnia na sociedade, incluindo a violência doméstica”.

Apesar de estarem diante de um quadro estarrecedor, os movimentos de luta contra qualquer tipo de discriminação se manifesta através das lutas para quebrar preconceitos e violências no espaço privado (em casa), nas lutas sociais para assegurar sua inclusão nos espaços públicos.
Apesar dos séculos transcorridos de constante exclusão, as mulheres indígenas e negras continuam com seus processos de mudança e resistência, de reafirmação de identidade, encarando de frente os desafios dos tempos atuais, e avançam para que possam ser protagonistas da vida nacional
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