5 de setembro de 2012

Mulheres indígenas, negras... mulheres.




Na década de 1930, mais precisamente na Constituição Federal de 1934, o Brasil avança na conquista dos direitos civis quando delega às mulheres o direito do voto. Para entendermos este avanço, nos remeteremos ao  início da República no Brasil, onde Código Civil de 1916 sustentou o princípio de que o homem era chefe da sociedade conjugal de confirmou em seus artigos a inferioridade hierárquica da mulher em relação ao homem. Mais tarde, a legislação tem um retrocesso quando a CF de 1937 suprime a igualdade jurídica dos sexos, que só voltaria aos textos constitucionais em 1967. A CF de 1988 teve a preocupação de igualar definitivamente homens e mulheres na forma da lei.
Porém, diante de todos os avanços, percebemos que essa igualdade civil e constitucional não se apresenta de forma efetiva na sociedade. Inferioridade, resignação, obediência e exclusão ainda fazem parte do processo histórico e social das mulheres brasileiras. E quando nos referimos às mulheres negras e indígenas, estas situações têm uma maior dimensão nas formas em que se apresentam.
Com o fim do colonialismo, as concepções enraizadas na sociedade brasileira permaneceram e se tornaram obstáculos para as conquistas das mulheres indígenas e negras. Essas mulheres sofreram brutalmente com a marginalização, a escravidão e a violência em sua dignidade por parte de uma sociedade construída sobre o símbolo social de poder (homem, cristão e branco).  Essas mulheres que tiveram como paradigma a mulher branca ocidental.
Racismo e sexismo são os principais fatores de desigualdades que afetam mulheres negras e indígenas no Brasil em toda a América Latina. A naturalização dessa desigualdade ocupa espaço em vários seguimentos da sociedade, como afirma o documento publicado na Federação Nacional dos Jornalistas:

As estatísticas demonstram que mulheres negras e indígenas são maioria nas áreas de extrema pobreza no país e apresentam as piores condições de vida. Sob o impacto da negação cultural, enfrentam os danos emocionais gerados pela violenta discriminação cotidiana de gênero, raça e etnia na sociedade, incluindo a violência doméstica”.

Apesar de estarem diante de um quadro estarrecedor, os movimentos de luta contra qualquer tipo de discriminação se manifesta através das lutas para quebrar preconceitos e violências no espaço privado (em casa), nas lutas sociais para assegurar sua inclusão nos espaços públicos.
Apesar dos séculos transcorridos de constante exclusão, as mulheres indígenas e negras continuam com seus processos de mudança e resistência, de reafirmação de identidade, encarando de frente os desafios dos tempos atuais, e avançam para que possam ser protagonistas da vida nacional
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