5 de maio de 2013

Nós fizemos a rota do Cangaço - a turma do 3º ano C chegou até a Grota do Angico, onde Lampião foi morto pela volante.


Em 27 de julho um dos coiteiros de Lampião, torturado pela polícia de Alagoas, entregou o esconderijo do bando. Na manhã de 28 de julho, precisamente às 5:15, a polícia fecha o cerco contra Lampião e o ataque culmina com a morte do cangaceiro mais famoso do sertão brasileiro.
Grota do Angico - SE

Para chegar à Grota do Angico, fomos até Piranhas-Al, cidade histórica e com passado muito íntimo com o Cangaço. Considerada a cidade das volantes, Piranhas foi o cenário para a organização das tropas policiais empreendidas no encalce do grupo de Lampião, perseguido pelas volantes dos estados de Pernambuco, Bahia e Sergipe. O Museu do Sertão conta esta história com riqueza de detalhes e foi lá que começamos a trilhar a rota do Cangaço.


Casa do coiteiro Pedro Candido
No mês de julho de 1938, Lampião se escondeu no estado de Sergipe atravessando o rio São Francisco com seu grupo e se esconde na Grota do Angico, local afastado e de difícil acesso, porém não muito seguro. Como Lampião gozava da amizade e proteção do governo sergipano, ficou mais à vontade no local. Mandou chamar Pedro Candido, coiteiro que morava às margens do rio São Francisco, para viabilizar mantimentos para o bando.

Pedro Cândido dirigiu-se até a cidade de Piranhas para comprar os mantimentos a mando de Lampião,  que estava escondido no estado de Sergipe, do outro lado do rio. Ao chegar na cidade, em meio à feira, as pessoas desconfiaram da atitude do coiteiro pelo volume de mercadoria e avisaram ao tenente João Bezerra. Contam os relatos que a polícia neste momento cria uma estratégia em anunciar na feira que a volante estava seguindo para Inhapí seguindo o rastro de Lampião, portanto a cidade ficaria sem força policial. Pedro Candido retorna à Grota do Angico e passa essa informação ao bando, que se sente seguro a ponto de fazer festa pela noite adentro, inclusive liberando os cangaceiros que ficaram de guarda. 

Turma na embarcação "Cangaceiro"

A volante alagoana empreende uma jornada em busca do bando de Lampião. Retornam à cidade de Piranhas, no dia 27 de julho segue em embarcações para o lado sergipano do rio, no rastro de Pedro Candido, o coiteiro. E nós, a bordo da embarcação "Cangaceiro" refizemos o trajeto dos policiais. Foram 40 minutos navegando no leito do São Francisco até o local onde a volante desembarcou, na casa do coiteiro. 
O que um coiteiro? Coiteiro era aquela pessoa que dava proteção a integrantes do cangaço. Eram fazendeiros e até coroneis em troca de favores  e boa convivência com eles, Tinha coiteiro que mantinha boas relações com os cangaceiros e os policiais ao mesmo tempo. 

Bem, chegando à casa de Pedro Candido, a volante só conseguiu arrancar a informação do paradeiro do bando de Lampião mediante tortura. Conta-se que o coiteiro teve as unhas arrancadas e a barriga cortada com punhal. Com a informação correta, a força policial caminhou cerca de 4 horas até o local indicado por Pedro.

 Neste caso, fizemos o mesmo trajeto e levamos 30 minutos aproximadamente. Era dia e não portávamos o armamento usado pela volante naquele dia.

Quando chegamos ao local do combate, a Grota do Angico, parecia que estávamos diante do ataque, feito por 48 homens da volante alagoana de durou entre 15 e 20 minutos, pegando de surpresa os 36 cangaceiros que estavam no esconderijo, onde muitos ainda dormiam. A noite tinha sido chuvosa, a madrugada daquela quarta-feira foi fria e com muita neblina. A volante chegou silenciosa, esperou a hora certa de atacar. Quando os cangaceiro se levantaram para rezar o ofício, foram surpreendidos por um tiro disparado sem tempo de reação, foram surpreendidos pelo fogo de metralhadoras ao comando do tenente João Bezerra e do sargento Aniceto Rodrigues. 


Dos 36 cangaceiros que estavam na Grota do Angico, onze morreram neste ataque: Lampião foi um dos primeiros a morrer e Maria Bonita ficou gravemente ferida, degolada ainda viva. Quinta-feira, Mergulhão, Luiz Pedro, Elétrico, Enedina, Moeda, Alecrim, Colchete e Macela.

Enquanto a nossa guia contava essa história, todos ouviam atentamente e certamente se reportavam para aquele fatídico dia, naquele local, que hoje é visitado por curiosos, historiadores, turistas e principalmente estudantes ansiosos por explicações acerca de um fenômeno tão nosso, tão próximo. Hoje a Grota do Angico faz parte do projeto turístico dessa região do São Francisco, conhecida como a rota do Cangaço.

E o final da história todos já sabem. Segundo o historiador João de Souza Lima, a força volante decepou a cabeça dos cangaceiros mortos em combate, salgaram-nas e as colocaram em latas de querosene contendo aguardente e cal. Os corpos mutilados e ensanguentados forma deixados a céu aberto, atraindo urubus. Para evitar a disseminação de doenças, dias depois jogaram creolina nos corpos. As cabeças, então, foram expostas nas escadarias do prédio onde hoje é a Prefeitura de Piranhas. Depois o tenente João Bezerra desfilou por várias cidades, de Maceió ao sul do Brasil. No IML de Maceió, as cabeças foram examinadas procurando algum tempo de anomalia ou degeneração que pudesse explicar o indivíduo virar cangaceiro.

Lampião, Maria Bonita, Quinta-feira, Mergulhão, Luiz Pedro, Elétrico, Enedina, Moeda, Alecrim, Colchete e Macela.

Já em péssimo estado de conservação, as cabeças ficaram por seis anos em Salvador, na Faculdade de Odontologia da Bahia, depois os restos mortais ficaram expostos no Museu Antropológico Estácio de Lima, por aproximadamente 30 anos. Foi somente em 1965, depois de um projeto de lei,  que as famílias puderam enterrar os restos mortais dos cangaceiros. Lampião e Maria Bonita foram sepultados em 6 de fevereiro de 1969, os outros cangaceiros tiveram seus enterros uma semana depois.


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