26 de fevereiro de 2012

Povos Indígenas no Nordeste


Pesquisador das causa indígenas, especialista em povos indígenas do Nordeste, Edson Silva faz uma análise do processo de invisibilidade dos povos indígenas no contexto histórico do Brasil. vale a pena ler uma parte deste artigo:

POVOS INDÍGENAS NO NORDESTE: CONTRIBUIÇÃO A REFLEXÃO 
HISTÓRICA  SOBRE  O  PROCESSO  DE  EMERGÊNCIA  ÉTNICA 
                                                                                          Edson Silva 

Durante muito tempo, nos estudos sobre a História do Brasil, além das referências ao índio,  apenas nos primeiros anos da colonização, predominou a visão sobre os povos nativos como vitimados pelos inúmeros massacres, extermínios e genocídios provocados pela invasão dos portugueses a partir de 1500, e que os poucos sobreviventes, estavam condenados ao desaparecimento engolidos pelo progresso, através da “aculturação”, integrando–se à nossa sociedade. Em geral, essas idéias que permanecem sendo  ensinadas na maioria das escolas  e mesmo nas universidades, ainda aparecem em muitos manuais didáticos, principalmente nos livros de História do Brasil, são também veiculadas pela mídia e expressadas pelo senso comum.  
Contrariando todas as previsões trágicas, os povos indígenas no Brasil ao longo dos 500 anos de colonização, não somente elaboraram diferentes estratégias de resistência/sobrevivência, como também alcançaram  nas  últimas  décadas, como recentemente noticiou a imprensa,  um  considerável  crescimento populacional, 3,5% ao ano, maior que a média da população brasileira em 1,6%, segundo estimativa do IBGE (Folha de São Paulo, 24/03/01,p.A9), questionando assim as tradicionais visões eurocêntricas e colonialistas, o que exigiu reformulações das teorias explicativas sobre o destino  desses povos.

[...] Esses estudos  buscaram compreender como os diversos povos em diferentes contextos situacionais, elaboraram diferentes estratégias que possibilitaram a sobrevivência nesses cinco séculos de colonização. Nesse sentido, foi ampliada a concepção do próprio conceito de resistência, até então vigente, enquanto confronto, conflitos bélicos, guerras  com fins trágicos e a morte de milhares de indígenas, para uma concepção  mais ampla de relações culturais diferenciadas em um contexto de dominação e violências culturais: a resistência cultural do cotidiano, através de gestos, práticas, atitudes que quebraram uma suposta totalidade, hegemonia da dominação colonial.

Uma vez questionadas as visões a respeito dos indígenas como “povos vencidos” e as idéias do “genocídio”  e do “etnocídio”, enquanto total destruição física e cultural, foram estudadas as diferentes estratégias utilizadas pelos povos nativos em uma permanente resistência ao colonialismo. As simulações, as acomodações, os acordos, as alianças. Ou seja, as apropriações simbólicas que as culturas indígenas fizeram da cultura colonial, reformulando-a, adaptando-a, refazendo-a, influenciando-a, reinventando-a, no que é por muitos autores denominado  como religiosidade popular, sincretismo, hibridismo cultural, etc.,  que permeiam os  “500 anos”.
As pesquisas revelaram que mesmo naqueles contextos de diversas violências explícitas, os povos indígenas simularam–se derrotados e sabotaram a dominação colonial, estabelecendo uma “resistência invisível”, através da persistência de práticas religiosas ancestrais, com simulações de adesão ao cristianismo, práticas estas consideradas como idolatrias pelos missionários, deixando-os bastante irritados ao perceberem os desvios em seus trabalhos catequéticos.


Artigo completo disponível em http://www.cerescaico.ufrn.br/mneme/




GOOGLE +
←  Anterior Proxima  → Página inicial

0 comentários:

Postar um comentário