Na semana em que o assunto foi o julgamento do goleiro Bruno
e seu comparsa Macarrão, fomos surpreendidos com o direcionamento do caso. Bruno foi acusado por macarrão de ter mandado
matar Eliza Samudio, apesar de ser alertado pelo mesmo sobre a besteira que
estava sabendo: você vai acabar com a sua vida, sua carreira. O que me surpreende não é a delação feita por
um amigo, é a banalização da vida de uma mulher, mãe de um filho, filha de outra mãe que deve ainda estar sofrendo com a
frieza da violência praticada por pessoas conhecidas e que fizeram parte da
vida de sua filha.
Infelizmente este não é um caso isolado, existem algumas mulheres estão sendo assassinadas no exato momento em que você lê esta
postagem. Este caso teve repercussão
nacional e internacional por se tratar de uma pessoa pública, uma
celebridade do futebol, que como outros assassinos frios tentam resolver
situações que fogem do controle eliminando o “problema”. A natureza do crime é
igual seja para um goleiro do Flamengo ou para um médico, advogado, policial,
pedreiro, agricultor ou até um estudante. É homicídio!
Dada a relevância da questão, julgamos oportuno abrir um
parêntese para a problemática de vitimização feminina por homicídios no país.
Um estudo que ficou pronto em abril deste ano nos mostra que apesar da Lei Maria
da Penha, o aumento de violência contra as mulheres é preocupante, principalmente
quando diz respeito ao número de mortes por assassinato. O “Mapa da Violência
2012, do Instituto Sangari apresenta dados cruéis após estudo de 30 anos, ou
seja, comparando dados censitários e dados do Ministério da Saúde.
De 1980 até hoje, foram assassinadas no Brasil 91 mil mulheres,
só na última década foram aproximadamente
43 mil, o que representa um aumento de 217, 6% no quantitativo de mulheres vítimas de
assassinato. É impressionante este número!
O relatório ainda aponta que no primeiro ano de vigência da
Lei Maria da Penha, 2007, houve um decréscimo significativo deste número.
Depois retornam os dados anteriores, ainda maiores, e estão apresentadas desta
forma: 68% desta violência é causada no âmbito doméstico
e na sua maioria em mulheres com faixa etária entre 20 e 29 anos; 65% das
agressões na faixa dos 20 aos 49 anos, os autores são parceiros ou ex.
O Brasil ocupa a 7ª colocação como um dos países de elevados
índices de feminicídios, ou seja, elevados níveis de tolerância da violência
contra mulheres. É uma estatística aterrorizadora. Conquistamos uma lei que
propõe punição contra os agressores, mas que prática é pouco conhecida até
mesmo pelas autoridades competentes, insuficiente para sanar o problema da
violência contra mulheres, e que mostra nos últimos anos que nossas políticas
ainda são insuficientes para reverter esta situação.
É importante saber
que a violência doméstica começa na humilhação, passa para ameaça e depois para
a agressão. É necessário acabar com a questão cultural em que essas mulheres se
sentem desautorizadas pela sociedade em denunciar. É neste sentido que
precisamos converter em força a união de nossas instituições públicas ou
privadas para encontrar estratégias mais eficazes na prevenção da violência
doméstica, para que outras mulheres não façam parte desta estatística.