Padre Antonio
Vieira, em 1648, já dizia que “sem negros não há Pernambuco, e sem Angola não
há negros”, o que nos remete a um questionamento sobre o conhecimento destas
origens. O Brasil é o país que por mais tempo e em maior quantidade recebeu escravos
vindos da África. Como colônia de Portugal fez parte do processo de
escravização de negros africanos, prática já adotada nas colônias portuguesas
implantadas na África.
A partir do
século XV, Portugal se lança nas viagens marítimas comerciais para atender a
uma política mercantilista baseada na exploração dos recursos naturais de
terras “oficialmente” portuguesas, mediante o pacto colonial estabelecido
durante o povoamento dessas terras. Algumas regiões da África, assim como no
Brasil, fizeram parte da política colonialista implementada pelo governo
português, facilitando assim o envio de negros escravos para o Brasil a partir
do século XVI.
Durante o
tráfico negreiro, vieram escravos de várias regiões da África, mas, segundo
o historiador especialista em História
da África Philip Curtin, foi da Angola o maior número de escravos que abasteceu
principalmente as capitanias do Rio de Janeiro, Pernambuco, Maranhão e Pará, entre
os séculos XVII e XIX. Maurício de Nassau, com o interesse em abastecer o
mercado pernambucano, consegue traçar uma rota entre o porto pernambucano e o
maior mercado atlântico de cativos: Angola. Maurício de Nassau, com o interesse
em abastecer o mercado pernambucano, consegue traçar uma rota entre o porto
pernambucano e o maior mercado atlântico de cativos: Angola.
É
interessante e pouca gente sabe, que no século XVII, o Brasil participou da
tomada de Angola, quando foi invadida e ocupada pelos holandeses, partiu uma
expedição saindo do Rio de Janeiro para ajudar Portugal recuperar a colônia
africana. Esta expedição era composta, principalmente, de indígenas, africanos
e seus descendentes. O resultado foi um grande número de brasileiros que
ficaram por lá, estabeleceram residência. No século XIX, cidades como Luanda
foram consideradas extensões do Brasil.
Nenhuma região
manteve relações com Pernambuco do que o reino de Angola, situada quase em frente
a Pernambuco, do outro lado do Atlântico, e que não foram só comercias, mas
também históricas e culturais. André Vidal de Negreiros, herói da nossa guerra contra
os holandeses, foi governador de Luanda. Eusébio de Queiroz, político influente
e autor de legislação contra a escravidão foi um angolano que, a caminho das
cortes de Lisboa, fez escala no Brasil e aqui permaneceu. Após a independência,
a autonomia do Brasil foi o ideal de emancipação de Angola.
Pernambuco
e Angola começam a estar ligados a partir do século XVI. No século XIX
portugueses de Pernambuco emigraram daqui para fundar a colônia de Moçâmedes.
Ainda entre os séculos XVIII e XIX as ligações de Pernambuco e Angola foram
constantes sobretudo como resultado do tráfico de escravos e abastecimento de
secos e molhados que era feito de Recife para Luanda. A emigração de
portugueses de Pernambuco para Angola foi incentivado pelo governo português,
como prova a publicação de um edital no “Diário de Pernambuco” no ano de 1849:
passagem e sustento à custa do Estado, inclusive às famílias; transporte para
móveis e objetos pessoais; “instrumentos artísticos ou agrícolas de quaisquer
sementes”; terrenos na colônia a ser fundada e uma mensalidade durante os 6
primeiros meses após a chega ali.
Considerando
estas relações, claramente nos identificamos com Angola em diversos aspectos: a
identidade cultural é muito grande, a troca cultural é muito maior do que imaginamos,
nossos negros e índios hoje têm traços culturais e físicos produtos desta
relação. O sistema linguístico de Angola e Brasil são muito próximos, hoje
falamos bantu sem saber. Não é interessante?
Mas o que
conhecemos de Angola? Como se estabelecem as relações do Brasil com Angola
hoje? Qual o sentimento de Pernambuco em relação a Angola? Por estas e outras
questões, faço um convite: vamos conhecer um pouco mais dessa história?
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