19 de novembro de 2012

O que acha do mês da Consciência negra, o que acha disso?





O ator Morgan Freeman em uma entrevista, fala sobre o mês da consciência negra. “RIDÍCULO”,  foi a resposta do ator quando perguntado sobre o que achava do mês da consciência negra, que nos Estados Unidos ocorre todo mês de fevereiro com nome de "Mês da História do Negro Americano". A princípio esta declaração nos choca, causa inquietação: já foi uma conquista dos movimentos negros americanos que esta população se torne visível ao mundo e um ator negro premiado e de prestígio se refere dessa forma?  Será que  ele não sofreu com a invisibilidade da população negra? Não sofreu discriminação? 
Esta inquietação logo é desfeita quando assistimos o restante do vídeo e nos deparamos com a declaração do ator que nada mais é do que uma afirmação de identidade. Realmente, Morgan - posso até me dirigir dessa forma, se é que um dia irá ver esta postagem- o negro fez toda a América, por isso a América é negra. 
Afirmação de identidade é , acima de tudo, reconhecer-se etnicamente. Os negros americanos foram invisíveis aos olhos do mundo por muito tempo. Invisíveis para os Europeus, que só os via como mão-de-obra barata para atender ao projeto econômico de países exploradores e "civilizados". Uma população que lutou pela abolição de um regime escravo, sujeito à inferiorização étnica, castigos físicos, negação de identidade e anulação cultural. A resistência a esta invisibilidade se apresentou de diversas formas, mas com o objetivo de se afirmar etnicamente.
Morgan relaciona essa identidade ao fato de que todos somos seres humanos, devemos ser chamados pelo nome e não pela cor da pele. O homem em si, na sua dignidade e identidade se impondo numa sociedade que vê o negro de cima para baixo, de forma inferior, absorvida por uma mentalidade seletiva implantada durante a colonização e posteriormente seguida, o ideário da superioridade étnica. 
Podemos confirmar toda uma história em um único mês? Não, isso é óbvio. Foram muitos anos de exclusão, invisibilidade e de luta para que a sociedade, o poder publico, a humanidade olhasse para essa população. O Brasil tem uma histórica de racismo e preconceito diferente dos Estados Unidos, que teve uma segregação racial cruel depois da abolição. Aqui, o preconceito é camuflado, é hipócrita, não está na segregação, está na ausência do Estado a partir do momento em que não se preocupou com uma massa de ex-escravos que foram obrigados a morar em morros, sem estrutura, sem qualificação profissional e aceitando subempregos, depois da abolição da escravatura. Morros e favelas , onde 80% da população  é negra. O preconceito no Brasil está na estatística de trabalho, de renda salarial, de oportunidades. 
Não precisaríamos de um mês da Consciência Negra se não houvesse preconceito. "Eu vou parar de chamá-lo de branco e o que lhe peço é que pare de me chamar de negro!" Fácil!
Se impor como ser humano! Essa é a receita de Morgan Freeman, que já tinha minha admiração pelo trabalho como ator e hoje tem o meu respeito. 
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